Ações de gestão na busca do enfrentamento ao Covid-19 foram destaque na assembleia de junho
No último dia 10 de junho, o Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Estado do Rio de Janeiro (Cosems RJ) realizou sua assembleia mensal. Em formato remoto para garantir a o enfrentamento a transmissão do coronavírus, a sala virtual contou com a participação de mais de 70 gestores e técnicos municipais de saúde fluminenses. O encontro discutiu principalmente questões relacionadas à pandemia e foi iniciada com um minuto de silêncio, para homenagear o ex-secretário municipal de saúde de Nova Iguaçu e ex-integrante da diretoria do Cosems RJ, Hildoberto Carneiro de Oliveira, que faleceu no dia 08 de junho, vítima da Covid-19. A reunião definiu a pauta para pactuação na reunião da Comissão Intergestores Bipartide (CIB), realizada na parte da tarde.
A representante da Secretaria de Estado e Saúde do Rio de Janeiro (SES RJ) e coordenadora da Rede Cegonha, Leila Adesse, apresentou aos gestores um diagnóstico situacional e ações para o enfrentamento do Covid-19 em gestantes. Foi realizado um inquérito, para coleta de informações, enviado para todos os municípios. Em 15 dias, os gestores foram convidados a responder três formulários e houve uma média de 60 devolutivas. O formulário específico para maternidades registrou desafios referentes à qualidade do atendimento e os desafios na área, que já registrou 25 óbitos maternos para a doença. Já o formulário baseado na revisão de fluxos e reforço de protocolos, constatou que 49% dos municípios aderiram aos protocolos do Ministério da Saúde e que os desafios são a autorização ou não do acompanhante na sala de parto e as orientações de alta, que só chegaram a 30% dos municípios. O último formulário tratou sobre o monitoramento, ficou colocado que 86% dos municípios estabeleceram seus fluxos e muitos se referiram a dificuldades nas consultas prénatal e implantação do tele atendimento. A presidente do Cosems RJ, Maria da Conceição da Souza Rocha, elogiou a iniciativa. “É um trabalho importante. Já tínhamos a sífilis como desafio e agora a Covid-19. Precisamos dar continuidade a essas discussões na esfera regional e fortalecer o debate nesses espaços”, ressaltou.
Em seguida, o superintendente de Vigilância Epidemiológica da SES RJ, Mário Sérgio Ribeiro, apresentou o projeto de Inquérito de Soroprevalência e Incidência de COVID 19 no ERJ. “A ação foi iniciada com um inquérito no Hemorio. Coletamos e testamos pacientes sem sintomas e o resultado nos revelou uma prevalência importante de 33%. Para a segunda etapa, estamos prevendo a coleta e teste em 12 Unidades de Pronto Atendimento nas regiões metropolitana I e II”, explicou Mário Sérgio, que reforçou o objetivo de expandir o projeto para todas as regiões de saúde do Estado. “Vamos implementar em 15 cidades, 20 pontos, cinco deles na capital fluminense, três em municípios da região metropolitana, dois municípios da região Médio Paraíba, dois na região Norte e dois na Baixada Litorânea. A mostra é de 100 pessoas, com três metodologias de diagnósticos diferentes para o mesmo paciente, somando duas mil amostras por semana”, finalizou.
Outro ponto discutido contemplou a versão atualizada da planilha de leitos do Plano de Contigência. Tatiana Bozza, da Superintendência de Atenção Especializada, Controle e Avaliação (Saeca/SES RJ), trouxe a proposta que foi desenvolvida com base nas informações fornecidas pelos municípios. “Vamos levar para pactuação os leitos que estão válidos nesse plano, leitos de UTI adulto e pediátrico que estamos propondo e os leitos solicitados para habilitação”, esclareceu Tatiana. Na parte da tarde, durante a pactuação na CIB, alguns gestores divergiram dos dados da planilha e foi reforçado a importância da planilha ser dinâmica e constantemente atualizada.
Representantes da SES RJ também apresentaram o trabalho que desenvolve o Guia Orientador para o Enfrentamento da Pandemia nas Redes de Atenção à Saúde. As matrizes do documento elaborado pelo Conass e pelo Conasems serão utilizadas e adaptadas para integrar os pontos de rede e trabalhar nas regiões.
Em uma das apresentações mais esperadas do encontro, oassessor do Cosems RJ, Carlos Vasconcellos, mostrou os resultados da pesquisa “Cenário epidemiológico da Covid-19 por município no ERJ”, realizada a pedido do Cosems RJ. Os resultados foram obtidos por regiões e extraídas dos dados do Tabnet, DataSUS. Foram levantados números de confirmação de casos, letalidade e importância do cuidado com as subnotificações. “Na maioria das regiões não houve queda, a curva se manteve constante. Os gráficos de evolução mostram que números estão controlados em municípios pequenos e sustentados em municípios médios. A região Metropolitana I se difere dos outros municípios e merece maior atenção, já que um número de casos”, alertou Carlos. “Esse estudo aponta perguntas e caminhos para orientar nossas ações. É preciso trabalhar os pacientes moderados, de grupos de risco, fazer o acompanhamento para que o isolamento se dê. Nos municípios de médio porte, os números podem aumentar se houver aglomerações”, completou o gestor. A presidente do Cosems RJ exaltou o trabalho. “Parabéns Carlos, brilhante trabalho. Vamos manter esse tipo de avaliação que chega mais próximos aos municípios para guiar nossas ações”, reforçou Maria da Conceição de Souza Rocha.
Para finalizar, o asessor da SES RJ, Roberto Pozzan, apresentou ainda os dados de um estudo que levantou o número de leitos públicos e privados no ERJ, com dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde e da Epimed Solutions, grupo que monitora mais de 80% dos leitos no Esatdo. Segundo o levantamento, são 3.900 leitos de terapia intensiva para adultos e a ocupação dos leitos na capital é de 79% nos estabelecimentos públicos e 71% nos estabelecimentos privados. Os indicadores estão servindo de base para definir o plano de flexibilização no ERJ.
Como de praxe, as portarias do período foram apresentadas pelo assessor jurídico do Cosems RJ, Mauro Silva, e o também assessor jurídico Julio Dias chamou a atenção dos gestores sobre as obrigatoriedades dos gestores em relação ao Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Saúde (SIOPS). A plataforma voltou a funcionar e somente 21 dos 92 municipios transmitiram os dados do segundo bimestre.
Na parte da tarde, foi realizada a reunião da CIB, que pactou itens de de credenciamento e teto financeiro. Entre os informes e apresentações estiveram os números relativos as arboviroses no Estado. Houve queda no número de casos, 3.700 de dengue, 3200 Chikungunya e 130 de Zika vírus. “É um período de baixa transmissão. Só uma região registrou aumento de casos de dengue, a Centro Sul. Todas as outras regiões registraram diminuição”, relatou superintendente de Vigilância Epidemiológica da SES RJ, Mário Sérgio Ribeiro. O cenário do sarampo no Estado também foi apresentado e segundo o Boletim Epidemiológico, houve um aumento de 0,5% de aumento em relação ao último mês.