Desabastecimento de Medicamentos Injetáveis
O drama do desabastecimento de medicamentos voltou a assombrar os gestores de saúde de todo o país. Se no auge da pandemia da COVID 19, nos anos de 2020 e 2021, o setor saúde se voltou para solucionar a falta de medicamentos IOT (intubação orotraqueal) em nossos centros cirúrgicos e UTIs, a partir de janeiro de 2022, em diversos estados, a imprensa, os órgãos que congregam secretarias municipais de saúde, as associações de especialidades médicas e hospitalares vêm denunciando, intermitentemente, o risco da falta generalizada de medicamentos injetáveis.
Tal fato foi motivo do COSEMS RJ, no final do mês de abril, se dirigir às entidades nacionais e ao Ministério da Saúde, alertando as autoridades para a necessidade da tomada de providências urgentes diante do quadro que insistia em se agravar. Acreditamos que o Ministério da Saúde não pode ficar alheio a esta situação.
Hoje, com o adensamento do desabastecimento e com a ausência de providências urgentes para estabilizar o mercado produtor nacional por parte do Ministério da Saúde, a rede hospitalar já contabiliza, em muitas cidades, a ausência de até 134 itens como por exemplo, o micofenolato, para prevenir rejeição em transplante de órgãos; a alfaepoetina, que combate anemia; e o ribavirina, empregado contra a hepatite C. Mais recentemente, foi a vez das farmácias do setor privado denunciarem faltas como antibióticos, medicamentos usados, por exemplo, para tratar pneumonia, otite e amigdalite.
No ofício enviado ao CONASEMS, denunciamos as fragilidades do mercado de medicamentos já descritas por diversas vezes, encontradas principalmente na compra de medicamentos como Dipirona Sódica 500mg/mL, Neostigmina, Ocitocina, Aminoglicosídeos (Amiicacina e Gentamicina), Imonuglobulina Humana e mais recentemente, soro fisiológico, todos na forma de injetáveis, que impactam diretamente na efetividade e segurança de tratamentos consagrados, cujo desabastecimento pode representar um sério risco à vida.
As associações ligadas ao setor produtivo de medicamentos têm alegado que a quebra na logística de importação, causada por eventos externos como a guerra na Ucrânia ou o lockdown na China, juntamente com o aumento do consumo em função da pandemia, desestruturaram o mercado nacional e geraram toda a crise sentida hoje. A ausência de certas matérias-primas essenciais (IFAs), bem como de polietileno (embalagens plásticas para soro fisiológico), tornou-se a grande vilã desta crise atual. Mas o fato é que estamos passando por esta crise em função da total dependência da indústria farmacêutica no Brasil em relação a insumos importados.
O COSEMS RJ avalia que há dificuldade para solucionar esta crise no mais breve espaço de tempo, portanto, alerta os gestores de saúde municipais para providenciarem soluções de abastecimento que resguardem situações emergenciais no uso destes medicamentos. Orienta também, que controlem de imediato o fluxo destes, assim como o uso racional para adequação da atenção à saúde em nossos hospitais, clínicas de hemodiálises, UPAS e ambulatórios médicos.
Diante dessa situação de alerta, esperamos que nossas reivindicações para pronto restabelecimento do fornecimento destes insumos farmacêuticos sensibilizem as autoridades sanitárias estaduais e federais para a imediata restauração do mercado farmacêutico nacional.